Zepelim de 10.2.2010 – Liberdade de Imprensa



A liberdade de imprensa é um dos valores fundadores das democracias ocidentais, consagrado e salvaguardado em diversas legislações posteriores à Revolução Francesa de 1789. Concretamente no artigo 19.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948),  onde se diz que “Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.” [negrito nosso], o que se reflecte no artigo 38.º da Constituição da República Portuguesa,

Liberdade de imprensa e meios de comunicação social

1. É garantida a liberdade de imprensa.
2. A liberdade de imprensa implica:
a) A liberdade de expressão e criação dos jornalistas e colaboradores, bem como a intervenção dos primeiros na orientação editorial dos respectivos órgãos de comunicação social, salvo quando tiverem natureza doutrinária ou confessional;
b) O direito dos jornalistas, nos termos da lei, ao acesso às fontes de informação e à protecção da independência e do sigilo profissionais, bem como o direito de elegerem conselhos de redacção;
c) O direito de fundação de jornais e de quaisquer outras publicações, independentemente de autorização administrativa, caução ou habilitação prévias.
3. A lei assegura, com carácter genérico, a divulgação da titularidade e dos meios de financiamento dos órgãos de comunicação social.
4. O Estado assegura a liberdade e a independência dos órgãos de comunicação social perante o poder político e o poder económico, impondo o princípio da especialidade das empresas titulares de órgãos de informação geral, tratando-as e apoiando-as de forma não discriminatória e impedindo a sua concentração, designadamente através de participações múltiplas ou cruzadas.
5. O Estado assegura a existência e o funcionamento de um serviço público de rádio e de televisão.
6. A estrutura e o funcionamento dos meios de comunicação social do sector público devem salvaguardar a sua independência perante o Governo, a Administração e os demais poderes públicos, bem como assegurar a possibilidade de expressão e confronto das diversas correntes de opinião.
7. As estações emissoras de radiodifusão e de radiotelevisão só podem funcionar mediante licença, a conferir por concurso público, nos termos da lei.

bem como pela maior parte das leis fundamentais dos países que vivem em democracia. Apesar de serem limitadas por diversas outras leis que previnem os danos que poderiam ser causados à quem se veja injustamente acusado, como aquelas que punem a difamação e a injúria escrita (artigos n.º182, 183 e 184 do Código Penal, por exemplo),  as liberdades de imprensa e expressão criaram problemas, especialmente a políticos, de que o exemplo mais fulgurante será o caso Watergate, que culminou com a demissão do presidente Nixon dos EUA (1974).
Este assunto, apesar de ser sempre actual,  ganhou um enorme destaque nas últimas semanas, em particular em resultado do que tem acontecido no sobejamente publicitado caso “Face Oculta“, e à volta do mesmo. A partir destes elementos, o programa utilizou excertos de intervenções públicas de vários políticos acusados de atentarem ou tentarem atentar contra a liberdade de imprensa, como Benito Mussolini, Fidel Castro, Hugo Chavez, Silvio Berlusconi, José Sócrates ou Alberto João Jardim, de dois jornalistas portugueses que acusam o actual governo de cercear a sua liberdade de expressão (Manuela Moura Guedes e Mário Crespo), possíveis posições no debate sobre a natureza e as limitações destas liberdades (José Pacheco Pereira e José Sá Fernandes), para além de algumas notícias sobre temas realacionados.

Mapa da Liberdade de Imprensa no Mundo

Alinhamento

Silêncio de Cavaco Silva antes de fazer uma declaração ao país [1m12s -1m55s]
Saudação de Cavaco Silva antes de fazer uma declaração ao país [1m56]
Manuela Moura Guedes – Foram Cardos, Foram Prosas (Alibi, 1982) [1m57-5m44s]
Manuela Moura Guedes na abertura do “Jornal Nacional” [2m-5m40s]
Hugo Chavéz discursa contra a estação televisiva venezuelana Globovisión [5m05s-9m44 e 10m39s-16m55s]
Hugo Chavéz – Con Amor al Pueblo (Canciones de Siempre, 2007) [9m44s-17m25s]
José Sócrates acusa a imprensa de o querer atacar pessoalmente, na sequência do caso “Freeport[17m22s-19m26s]
Notícia da SIC-Notícias sobre a crónica de Mário Crespo que não foi publicada no Diário de Notícias [18m05s-19m36]
Lichens – M st r ngn W teher ft L v ng n [Omns, 2007][19m10s-37m41s]
Excerto do discurso de Hugo Chavéz contra a Globovisión “No no no, es otra cosa, compadre !” [19m36s-19m38s]
Alberto João Jardim insulta a imprensa “do continente” [19m39s -19m54s]
Introdução [20m41s-21m38s]
Debate da Subcomissão Parlamentar da Área da Comunicação Social e dos Direitos Fundamentais [23m05s-29m30s]
Excerto de um Debate Plenário na Assembleia da República [28m52s-31m50s]
Notícia sobre a saída do Google do mercado chinês, devida a ataques informáticos a defensores dos direitos humanos na China [29m05-31m08s]
Mário Crespo comenta o silêncio de Cavaco Silva antes da sua declaração ao país [31m10s]
Silêncio de Cavaco Silva antes de fazer uma declaração ao país [37m34s-38m24]
Discurso de Benito Mussolini aos americanos em 1929 [38m24s-39m33s]
Notícia sobre o desmentido de Silvio Berlusconi acerca do seu envolvimento nos ataques que o jornal “Giornale”, propriedade da sua família, ao jornal “L’Avvenire” [39m30s-41m28s]
José Pacheco Pereira critica, no programa “Quadratura do Círculo” a ordem da Câmara Municipal de Lisboa de retirar um cartaz do PNR que considerou xenófobo [41m21s-41m05s]
José Sá Fernandes justifica, à rádio TSF, a ordem da CâmaraMunicipal de Lisboa de retirar um cartaz do PNR que considerou xenófobo [41m02s-42m51s]
Fidel Castro é entrevistado no programa “Meet the Press”, em 1959 [42m50s-43m42s]
Biosphere – Warmed by the Drift (Dropsonde, 2006) [43m41s-50m38s]
Afonso Biscaia, Carlo Patrão e Lígia Anjos rasgam jornais [44m32s-49m24s]
Pat Candell, “Freedom of Speech is Sacred” [46m56s-50m46s]
Despedida [50m16s-40m45s]
Biosphere – In Triple Time (excerto) (Dropsonde, 2006) [50m38s-53m41]
Excerto do discurso de Hugo Chavéz contra a Globovisión “No no no,  es otra cosa,compadre!” [53m47s-53m49s]
Hugo Chavéz – Con Amor al Pueblo (Canciones de Siempre, 2007) [53m48s-58m18s]

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Afonso Biscaia

Em breve no Zepelim: “Radio Fragments” de André Castro

Radio Fragments is a radiophonic project that aims to explore an auditory attention, different from the one usually associated with the experience of listening to the radio, making use of the spaces in between words and songs that occur throughout the radiophonic discourse as its main reagent.

Its basic formula consists of an analysis-control mechanism (built in Super Collider) residing inside a computer to which a real-time mainstream radio broadcast is fed. This mechanism acts as a reversed-noise-gate, singling out what is usually ignored or avoided in a radiophonic context (whispers, stumbles, pauses, dead spaces and errors) and muting all the other sounds such as words or songs.These punctuating fragments become the raw materials from which Radio Fragments sonic concoction is brewed.

André Castro

Zepelim |03022010| Hacking Insects

(…) # Rule number 6: Many hacks are like butterflies: beautiful but short-lived

(Handmade Electronic Music – The art of hardware hacking de Nicolas Collins)

A premissa que fundou esta emissão de Zepelim, prendeu-se com a constatação de um possível paralelo sonoro entre a música obtida através de técnicas de hardware hacking e o som realizado por várias espécies de insectos. Cruzamos captações sonoras de insectos que habitam as florestas do norte da Tailândia, com a compilação que acompanha o manual Handmade Electronic Music – The art of hardware hacking de Nicolas Collins, deixando que ambas sonoridades se dissolvam num mesmo ambiente homogéneo.

Nicolas Collins - Graduation from Wesleyan, 1976. Alvin Lucier and Nicolas's mother

O compositor Nicolas Collins nasceu em 1954, em Nova Iorque. Aos 18 anos inscreveu-se na Wesleyan University, inicialmente pelo seu interesse em estudar música indiana mas rapidamente expandiu os seus objectivos quando conheceu o compositor Alvin Lucier, autor de peças como I’m sitting in a room (1969) ou Vespers (1968) – que podem ser escutadas aqui. Lucier foi membro fundador do colectivo de músicos Sonic Arts Union ao lado de Robert Ashley, David Behrman, ou Gordon Mumma e, imprimiu em Nicolas Collins a ideia de que a música pode conter referências estruturais fora de si mesma, na biologia, arquitectura, neurologia, etc. Para além do colectivo Sonic Arts Union, Collins cedo tomou contacto com o trabalho de John Cage, a partir de várias residências feitas na Wesleyan University durante a década de 70.

Nicolas Collins performing Pea Soup inside an installation of Niche, PS1, Long Island City, NY, 1980

Collins, veio a tornar-se num pioneiro no uso de micro-computadores em performances ao vivo, colocando em prática a intervenção em circuitos electrónicos (circuit-bending) a partir de objectos de uso quotidiano como pequenos rádios e baratos e ingénuos brinquedos (ex. toy keyboards), arte a que apelida ironicamente de “glue technology”. Para além da modificação de pequenos objectos electrónicos, Collins dedica-se a reinventar instrumentos como a guitarra (“The Backwards Electric Guitar“) ou o trombone (“Trombone-Propelled Electronics“). Actualmente, Nicolas Collins é o responsável pelo Department of Sound at the School of the Art Institute of Chicago. Foi, então, em 2006 que o compositor nova- iorquino edita o manual de iniciação à modificação de objectos electrónicos com vista à sua expansão e criação de novas experiências sonoras, de nome Handmade Electronic Music – The art of hardware hacking. Como suplemento ao livro, Collins reuniu numa compilação vários artistas mestres na arte de hardware hacking como Peter Cusack, Andy Keep ou John Bowers, do qual retirámos as faixas:

Nicolas Collins – sl loop excerpt

John Bowers – Study one for victorian synthesizer

Josh Winters – Radio study 4

Phil Archer – Yamaha pss-380

Yasunao Tone – Imperfection theorem of silence

Peter Cusack – Baikal ice excerpt

Collin Olan – rec01 excerpt

A abrir e a fechar emissão apresentamos um breve excerto de um dos episódios do programa de rádio norte-americano “The Mysterious Traveler“. A série radiofónica The Mysterious Traveler, começou a ser emitida pela Mutual Broadcasting System a Dezembro de 1945, e pretendia suscitar o terror aos ouvintes, pela dramatização de contos de ficção científica, escritos por Robert Arthur e David Kogan e narrados por Maurice Tarplin: This is the Mysterious Traveler, inviting you to join me on another journey into the strange and terrifying. I hope you will enjoy the trip, that it will thrill you a little and chill you a little. So settle back, get a good grip on your nerves and be comfortable — if you can! . Escolhemos o episódio “The Man The Insects Hated” como breve referência ao lugar que os insectos ocupam no imaginário colectivo perto da fobia e da angústia de perseguição.

Lista de insectos escutados: Aola bindusara, Ayuthia spectabile, Cicada ventriroselus, Cryptotympana aquila, Cryptotympana sp., Dundubia interemata, undubia nagarasingna, Dundubia spiculata, Macrosemia chantrainei, Macrosemia tonkiniana, Meimuna nauhkae, Meimuna new, Meimuna tavoyana, Orientopsaltria cantavis, Platylomina umbrata, Pompona scitula, Pomponia dolorosa, Pomponia fuscuoides, Pomponia intermédia, Pomponia linearis, Salvazana mirabilis, Tosena albata, Tosena melanoptera, crickets, carpenter bee, longhorn beetle, katydid, death’s head hawk moth…

Ao longo da emissão acrescentámos ainda excertos de faixas do compositor Harry Partch,  Ballad for Gymnasts aos minutos 1:30 e 6:00, The dreamer that remains- a study in loving (19:06′) e Windsong (37:21′) e Pierre Henry – La Reine Verte (Les Insectes) (18:19′)

http://2.bp.blogspot.com/_Rf9S3GkkeyI/SEvATEUsU0I/AAAAAAAAAps/_niJ9vxvjew/s320/steve+ditko.+tales+of+the+mysterious+traveller.+no.+006.+cover.jpg

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Carlo Patrão

Zepelim |21.01.2010| Milarepa & Cho Oyu

Depois de duas emissões de “excesso ruído”, o Zepelim  entra em retiro contemplativo no cruzamento entre duas experiências sensoriais distintas, tendo o Tibete como cenário de fundo. Partimos nesta emissão, por recuperar o disco Songs of Milarepa (1983, Lovely Music) da compositora francesa Eliane Radigue. Nascida em Paris, no ano de 1932, Radigue estudou técnicas de música electro-acústica no Studio d’Essai da R.T.F., sob a direcção de Pierre Schaeffer e Pierre Henry (autor da faixa Psyché Rock, que mais tarde seria adaptada para a série televisiva Futurama).  Durante cerca de dez anos, investiu na sua formação musical clássica a partir dos instrumentos harpa e piano. No início dos anos 70 trabalhou na New York University School of the Arts e nos estúdios de música electrónica da Universidade de Iowa e no Instituto de Artes da Califórnia, altura em que começou a desenvolver o seu trabalho com o ARP 2500, que passou a ser o instrumento quase exclusivo ao longo da sua discografia. Em 1974, Eliane Radigue deslocou-se ao Mills College, a convite de Terry Riley, para apresentar o seu primeiro Adnos, onde contactou com um grupo de estudantes franceses que compararam a fluência e itensidade dos seus drones com a profundidade da escola do Budismo Tibetano. Eliane Radigue inicia a partir daí o estudo e práctica do Budismo Tibetano auxiliada pelo guru Pawo Rinpoche, cessando a sua actividade artística durante cerca de três anos. Durante esse período de aprendizagem, Eliane contactou com poemas do tibetano Jetsun Milarepa. Milarepa,  viveu durante o século XI (d.c), dedicando vários anos da sua vida à solidão das montanhas. Após uma vida de reflexão e contemplação alcançou um elevado e iluminado entendimento que o permitia explicar as complexas questões que os seus discípulos lhe colocavam, espontaneamente em estilo de poema ou de canção. Apesar da sua biografia estar envolta numa nuvem de romance, afirma-se que tenha composto 100,000 canções para comunicar as suas ideias, enquanto ensinava e conversava. Um largo número de histórias e canções de Jetsun Milarepa foram traduzidas para várias línguas ocidentais, muitas resistindo ao tempo apenas pela expressão oral. No disco Songs of Milarepa, Eliane Radigue recupera as canções de Milarepa presentes no livro Drinking the Mountain Stream, e convida Lama Kunga Rinpoche, para as cantar em Tibetano, enquanto Robert Ashley dá voz à tradução inglesa sobre os drones do ARP 2500. Nesta emissão podemos escutar duas faixas retiradas de Songs of Milarepa: “Song of the Path Guides” (21:01min.) e um alongado excerto de “Eliminations of Desires” (17:17min.). Mas Songs of Milarepa, foi apenas o primeiro trabalho que Eliane Radigue dedicou ao poeta tibetano, seguiu-se em 87 o disco Jetsun Mila, em 92, Mila’s Journey Inspired by a Dream e em 98 a Lovely Records reedita Songs of Milarepa numa edição em dois discos.

Às faixas de Songs of Milarepa destacadas neste Zepelim, cruzamos os Field Recordings do músico norueguês Geir Jenssen, também conhecido como Biosphere, presentes em Cho Oyu 8201m – Field Recordings From Tibet (Ash International, 2006). Para além da sua vida artística, Jenssen pratica montanhismo e foi na escalada à sexta montanha mais alta do mundo Cho Oyu com 8.201 metros, situada a 20 km oeste do monte Evereste que gravou com um pequeno MiniDisc, os field recordings presentes em Cho Oyu 8201m. Estas captações, funcionam como um diário sonoro da sua escalada, feitas de momentos de espera, antecipação, vento, chuva e de pequenas escutas hertzianas como último contacto com a civilização.

Se através de Eliane Radigue a montanha é um símbolo de nascimento filosófico e poético, em Geir Jerssen a montanha é um obstáculo conquistável, coisa do corpo.

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Carlo Patrão


Zepelim |06.01.2010| Overpopulation

André Rocha - Vazio

Segundo episódio de uma pequena série de programas dedicados ao “excesso”, nesta emissão olhamos para o fenómeno de sobre-população. Na década de 60, os media inauguravam os primeiros debates e discussões sobre a eminência do excesso de população face à escassez de recursos, conduzindo a alguma histeria. As Nações Unidas alertam actualmente que a população do mundo irá duplicar nos próximos 40 anos. Como exemplo, a Índia com 1,17 biliões de pessoas, e com um crescimento médio de 1,6 por ano, torna verdade o que o senso comum tomaria como anedota recorrente, segundo a Times: The minister called on India’s television channels to provide high-quality programs, arguing that enticing  content would offer alternative late-night entertainment. Por outro lado, no Afeganistão apenas  14% dos nascimentos originarão adultos saudáveis. Mitos, becos, dados, balanços, distribuição, conspirações, excesso…

Povo alinhado:
Ollie Hall – Asakusa [Japan Field Recordings, 2009]
Ollie Hall – Asakusa Arcade [Japan Field Recordings, 2009]
Ollie Hall – Veloce Coffee Shop [Japan Field Recordings, 2009]
Greg Marguerite reading “This Crowded Earth” of Robert Bloch (excerto)
Erica Buettner reading french names
Jimmy Behan – Awake [The Echo Garden, 2009]
Population stupidity finally exposed
Scanner – Tate Modern Voices [created for Tate Modern Musicircus, 2006, unreleased]
Catherine Jauniaux – Origine des Femmes [Fluvial, 1983] (excerto)
Greg Davis – Pythagorean [Primes, 2009]
Catherine Jauniaux – Kebadaya [Fluvial, 1983]
Dana Boulé + Cristian Sotomayor – There’s too many people in the world (original piece)
Erica Buettner reading english names and their meanings
Overpopulation: The Making of a Myth
Era uma vez um arrastão (excerto)
John Lennon’s Opinion about Over Population
Machinefabriek and Stephen Vitiello – Bells, Book, Tin foil, Buttons [Box Music, 2008]
A Nosa Fala – Lougares – Lougares – Mondariz [Arquivo Sonoro de Galicia]
A Nosa Fala – Abelán – Fornelos – Salvaterra de Miño [Arquivo Sonoro de Galicia]
Jasper-TX – Mornings After [Singing Stones, 2009]
Glenn Beck: US Mexico Border Violence (excerto)
Ollie Hall – Waiting for Shinkansen [Japan Field Recordings, 2009]
Afonso Biscaia Lígia Anjos leêm lista de vocábulos admitidos e não admitidos como nomes próprios pelo Instituto de Registos e Notariado de Portugal
Leyland Kirby – The sound of music vanishing [Sadly The Future Is No Longer What It Was, 2009]
Julie Doiron – Life of Dreams [I can wonder what you did with your day, 2009]

Especial obrigado a Erica Buettner, Dana Boulé, Cristian Sotomayor, José Afonso Biscaia & Lígia Anjos

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Carlo Patrão

http://discretestate.blogspot.com/

Zepelim de 30.12.2009: Overweight

O último Zepelim, o primeiro de uma pequena série sobre o excesso, debruçou-se sobre a obesidade, um grave problema a nível mundial. A sociedade de consumo faz pressão em sentidos opostos: o de comer em muita quantidade, e ao mesmo tempo de apresentar uma imagem magra, deixando muitas pessoas pelo mundo num dilacerante dilema.

Alinhamento:

1. Nurse With Wound – Salt Marie Celeste (excerto) [Salt Marie Celeste, 2003]

2. James Ferraro – Untitled [Heaven’s Gate CDR, 2009]

com excertos de:

Anúncios: “Burguer King”, “Chocolate Nogueroles”, “Kentucky Fried Chicken”, “Kinder Chocolate”, “McDonald’s”, “Pizza Hut”

Programas de TV: “5 Para a Meia-Noite: Fernando Alvim lê uma receita de Filipa Vacondeus”, “O Tal Canal: Cozinho Para o Povo, com Filipa Vacondeus”, “Praça da Alegria: Bife à Chefe Silva e Divina Lampreia”, “Sebastião Come Tudo”, “Telejornal: Homenagem ao Chefe Silva em Almeirim”,”The Muppet Show: Swedish Chef – Swedish Meatballs”, “The Young Turks: Discrimination Against Overweight People”, “VT: Obesidade Mórbida”

Série Delícias CantadasCélia e Celma: “Frango com Quiabo”, “Língua com Molho”

Videos no Youtube: “Being overweight and dating – PracticalHappiness.com”, “Entenbrust richtig zubereiten”,”Porquê “Herbalife”? Porquê Agora?”  “Weight Loss Motivation”, “Yoga Exercises to Flatten the Stomach”

José Afonso Biscaia

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Zepelim de 16.12.2009: Coast to Coast AM

O Zepelim de hoje presta homenagem a uma incontornável figura do panorama radiofónico mundial, o americano Art Bell e a sua principal criação, o programa Coast to Coast AM, onde aborda sobretudo as temáticas relacionadas com o paranormal e teorias da conspiração. Emite todos os dias, durante 4 horas (entre as 22h00 e as 2h00 do fuso horário do Pacífico americano), e conta, desde que Art Bell se “reformou” com uma equipa de locutores constituída por George Noory, Ian Punnett, George Knapp e, ocasionalmente, pelo próprio Bell. Como exemplo do trabalho desenvolvido no Coast to Coast, ficámos com excertos de dois programas, difundidos nos anos 90.

Alinhamento:

1. Super Minerals – Cluster [Clusters CS, 2009]

2. Robedoor – Natural Darkness [Exorcist Blues, 2009]

3.Super Minerals – Oxygen Bombs [Clusters CS, 2009]

com excertos da 2ª hora do programa de 11/9/1997 e da 2ª hora do programa de 20/6/1993

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Zepelim |09.12.2009| “Your Hit Parade: Be Happy, Go Lucky!”

No Zepelim desta semana, construímos o nosso programa em torno de questões relacionadas com a Indústria Tabagista. Para tal, recuámos até à década de 50 para escutarmos o programa televisivo Your Hit Parade, patrocinado pela marca de tabaco Lucky Strike. Your Hit Parade, era um programa semanal emitido pela NBC entre 1950 e 1959 nas televisões norte-americanas, cuja existência remontava já ao ano de 1935, mas apenas em formato radiofónico. Durante as suas emissões eram apresentadas interpretações ao vivo do top 7 (“Lucky Seven Songs of the Week“) de temas mais vendidos nos Estados Unidos, tendo em conta as faixas mais tocadas nas Rádios e nas Jukeboxes espalhadas pelo país. Apesar do processo de apuramento dos temas mais ouvidos numa determinada semana nunca ter sido claramente exposto, Your Hit Parade usufruía de um relativo sucesso. Porém, ao longo da década de 50, viu a sua audiência diminuir progressivamente à medida que o Rock’n’Roll se massificava nos ouvidos mais jovens. Simultâneamente, a Lucky Strike encontrava um novo objecto alvo para vender a sua imagem de arrojo e rebeldia, longe das baladas quase assépticas de Your Hit Parade – antítese do que viria a ser a década de 60. Ao longo das emissões de Your Hit Parade, os temas foram cantados por vários interpretes como Dorothy Collins (1950-59), Russell Arms (1952-57), Snooky Lanson (1950-57) e Gisèle MacKenzie (1953-57).  A liderar a Lucky Strike Orchestra de Your Hit Parade esteve Raymond Scott entre 1950 e 1957.

Dorothy Collins & Raymond Scott
Dorothy Collins & Raymond Scott

Raymond Scott , músico, maestro, investigador, génio inventor e director do departamento de pesquisa e desenvolvimento electrónico para a Motown, era aqui responsável pelos arranjos dos temas mas vendidos dos E.U.A., revestindo as suas estruturas clássicas, com orquestrações vanguardistas. Algumas das suas composições originais foram mais tarde utilizadas em cartoons como Looney Tunes (Bugs Bunny, Daffy Duck), The Ren and Stimpy Show ou The Simpsons (um dos temas mais conhecidos chama-se “Powerhouse” de 1936 e pode ser escutado aqui). Raymond Scott acabaria por casar com a cantora residente de Your Hit Parade Dorothy Collins.

Ao longo desta emissão de Zepelim colocamos em paralelo as duas Indústrias, a do Entretenimento e do Tabaco consumando os seus múltiplos denominadores comuns. Podemos escutar a par do episódio de Your Hit Parade de 2 de Maio de 1953 (no qual, curiosamente, a canção April in Portugal, ocupa o sétimo lugar da contagem dos temas mais vendidos nos Estados Unidos), programas de incentivo tabágico, recortes noticiosos, a voz dos principais intervenientes do palco da Indústria Tabágica, anúncios publicitários a marcas de tabaco, entrevistas, etc.

Faixas utilizadas na colagem sonora:

Geir Jenssen – Under The Glacier I (excerto) [Biophon Records, 1982]

Tetsu Inoue – Particular Moments (excerto) [Yolo, Din Records, 2005

Jimmy Behan – Signs Of Live [The Echo Garden, Audiobulb, 2009 ]

Biosphere –  Knives In Hens (excerto/loop) [VA, Touch Sampler.3,1998,  Touch.]

Biosphere –  Dawn At Vara (excerto/loop) [ Commissioned Works, 1994]

Hopen – Early [What’s happened to mat collishaw ?, 2009]

Scanner – Moscow Radio [Unreleased, 2008]

Taylor Deupree – Quiet_C [January, Spekk, 2004]

Raymond Scott – Backward Beeps [1953-69 Manhattan Research,Inc.]

Heribert Friedl – Back (excerpt) [back_forward, Non Visual Objects, 2006]

Jez Riley French – …Audible Silence – Enter (Kettle’s yard, Cambridge) [2009]

Help Is On The Way –  E  (excerto) [Help Is On The Way, 2009]

Help Is On The Way –  C (excerto)  [Help Is On The Way, 2009]

Jim McauleyNels Cline – Froggy’s Magic Twanger [Ultimate Frog, Drip Audio, 2008]

Scanner – Returning (excerto) [2008]

– Os restantes sons foram retirados da base Archive e youtube.

 

“Be happy, go Lucky,

Be happy, go Lucky Strike

Be happy, go Lucky,

Go Lucky Strike today!”

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Carlo Patrão

Zepelim de 2.12.2009

Zepelim dedicado ao sono. Se passamos cerca de 23 anos da nossa vida a dormir, porque não explorar melhor esse fenómeno?

1. Gregg Kowalsky – I-IV (Tape Chants, 2009)

2. Dolphins into the Future – Untitled #2

3.Celer – Normal Sadness (Tropical, 2008)

4.Gregg Kowalsky – VI-VII (Tape Chants, 2009)

Com excertos de:

Candi Raudebaugh – Sleep Countdown

“Health and Well Being Programme”

Autor desconhecido – “My Dream”

Delia Derbyshire – Running (The Dreams)

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Zepelim |11.11.09| “Abbiamo fatto 30 facciamo 31!” Uma Peça Sonora de Manuela Barile

O Zepelim convidou Manuela Barile, performer /pesquisadora vocal e co-directora artística da Binaural, a apresentar-nos uma peça sonora inédita que sobrevoasse a sua obra. Gentilmente, Barile aceitou o nosso convite, oferecendo-nos  a peça “Abbiamo fatto 30 facciano 31”, uma colagem sonora cujo composição nos revela não só o seu lado artístico, mas também uma profunda reflexão sobre o sentido das suas experiências, enquanto criança e adulta.

“Abbiamo fatto 30 facciamo 31!” – Uma Peça Sonora de Manuela Barile

“Abbiamo fatto 30 facciamo 31!” é uma expressão italiana que significa aceitar empreender uma tarefa imprevista adicional, depois de já se ter decidido fazer muitas outras coisas. 31 é também o número de aniversários que já cumpri. Com esta peça sonora pretendo apresentar-vos algumas das linhas temáticas do meu trabalho artístico: a memória pessoal e colectiva, a infância, a dor, a morte, o sentido dos lugares, a autenticidade, o abandono, a esperança.

Na escolha dos vários trechos que compõem a peça reflectem-se as várias experiências da minha vida e a forma como me coloco perante a vida, ao procurar meter-me em jogo, ao não tomar as coisas de forma demasiado séria ou pesada e ao acolher positivamente os imprevistos, assumindo os riscos inerentes.

As composições da minha autoria utilizadas nesta peça sonora são: Lullaby for Whales (2003), Larve Gongolanti (2004), Cik Ciak Song (2006), On the Wing (2006), Ossessione (2009), Pesa (2009) e Moroloja (2009). Dela fazem parte também um excerto de um concerto de “La Scatola” (um projecto intermedia concebido por mim e pelo artista sonoro Rui Costa em 2007) e “Five Instruments and a Gun”, uma peça escrita pelo compositor austríaco Arnold Haberl (a.k.a Noid) e interpretada em 2008 por mim e por outros quatro músicos na paisagem envolvente à aldeia de Nodar.

Nesta peça sonora estão também presentes as vozes de algumas pessoas próximas de mim (o meu filho Samuel, o meu companheiro, a minha avó, a minha mãe, o meu pai, os meus tios, a tia Ilda de Nodar, velhos e novos amigos), assim como referências a canções que assinalam momentos importantes da minha maturação pessoal, filmes, excertos de desenhos animados da minha infância, referências a lugares onde habitei ou habito (Bari, Londres, Bolonha, Nodar) e vozes de artistas, por coincidência (ou talvez não) todos já desaparecidos: Andrei Tarkovski, Matteo Salvatore, Maria Callas, Anna Magnani, Carmelo Bene e Pier-Paolo Pasolini, em cujos percursos de vida e de arte me revejo muitíssimo.

Em Ossessione (2009), Pesa (2009) e Moroloja (2009) a minha voz foi gravada em campo. Actualmente a minha pesquisa artística constrói-se sobre e para os lugares, tendo não só em conta as propriedades acústicas desses lugares por mim escolhidos, mas também outros aspectos que vão desde a memória e a tradição até aos aspectos de conformação natural do território, das simbolizações rituais e sagradas aos “genius loci”.

Manuela Barile

Manuela Barile
Manuela Barile

Biografia e Pesquisa Artística

Manuela Barile (n. Bari, Itália em 1978) é uma artista multidisciplinar e performer vocal italiana residente em Portugal.

A sua pesquisa artística assenta num trabalho projectual que combina os sons da voz com diversos media (performance art, field recordings, vídeo, fotografia, escrita, desenho) e utiliza diferentes formatos de apresentação (instalações sonoras e vídeo, composições sonoras, concertos-performances, etc.).

A conexão entre o público e o privado tem sido uma constante interrogação no seu trabalho, bem como a ligação entre as memórias e recordações colectivas. Ela concebe a sua arte como uma investigação contínua na realidade onde a artista coloca questões e dúvidas no sentido de captar as subtilezas ocultas da vida e da nossa actual condição.

A arte de Manuela Barile nasce da uma indagação subtil e minuciosa em redor das pequenas coisas da realidade quotidiana aparentemente banais e insignificantes as quais, através de uma amplificação sensorial a que são sujeitas durante o processo criativo, assumem um sentido de “revelação” e de “necessidade”.

Utilizando uma linguagem simples, feita de símbolos e de metáforas, a artista procura criar situações de aparência enigmática, entre o familiar e o estranho, nas quais tudo é colocado continuamente em discussão e onde emerge o seu sentido de humor, do paradoxo, o prazer do risco e sobretudo o desejo de divertir-se sem levar-se demasiado a sério.

A sua abordagem à vocalidade é lúdica e espontânea; reflecte a sua ligação com a natureza, os animais e o ambiente que a circunda, dos quais busca continuamente inspiração. Através dos seus sons, a artista procura dar voz a ecos longínquos difíceis de serem expressos por palavras, que retornam ao presente com grande intensidade.

Manuela Barile já trabalhou ou colaborou com Mario Volpe, Gianni Lenoci, Mainha maturação pessoal, filmes, excertos de desenhos animados da minha infância, referências a lugares onde habitei ou habito (Bari, Londres, Bolonha, Nodar) e vozes de artistas, por coincidência (ou talvez não) todos já desaparecidos: Andrei Tarkovski, Matteo Salvatore, Maria Callas, Anna Magnani, Carmelo Bene e Prcello Magliocchi, Amy Denio, Phil Minton, Tristan Honsinger, Rinus Van Alebeek, Duncan Whitley, Anna Hints, Evelyn Müürsepp, Tiriddilliu, Claudio Parodi, Alessandro Buzzi, Chris Iemulo, Rui Costa, Paulo Raposo, Antez, Ernesto Rodrigues, Nilo Gallego, Dennis Báthory-Kitsz, Madamme Cell, Maile Colbert, Pali Mersault, Cédric Anglaret, Noid, etc. As suas composições vocais foram incluídas em vários filmes, documentários, projectos de vídeo arte (Annamaria Ippolito, Patricia Leal, Xaquin Rosales, etc.). Trabalhou igualmente com teóricos e coreógrafos de dança (Bojana Bauer, Paula Pinto).

Em 2006 participa com o artista italiano Pino Pipoli em “Una Notte di Arte Totale “inaugura” Fresco Bosco” evento inaugural da exposição “Fresco Bosco” curada pelo famoso crítico de arte Italiano Achille Bonito Oliva no parque de Certosa di San Lorenzo em Padula (Salerno).

Manuela Barile iniciou em 2007 uma colaboração com o artista sonoro português Rui Costa para o desenvolvimento de um projecto intermedia intitulado ‘La Scatola’. Em 2009, aprofundou alguns núcleos temáticos de “La Scatola” através do projecto “Locus in Quo”, um conjunto de instalações sonoras / vídeo e performances que indagam vários aspectos relacionados com o sentido dos lugares.

Manuela Barile é co-directora artística da Binaural, uma associação cultural portuguesa que se dedica à promoção de som e artes intermédia desenvolvida num contexto rural. A Binaural dirige desde 2006 um programa de residências artísticas em Nodar, uma pequena aldeia no centro de Portugal.

Websites:

www.manuelabarile.com

www.binauralmedia.org

* Video gravado em Maio de 2006 no Pavilhão Atlântico – Festival Sonicscope 06.  “Due Uccellacci e un uccellino”. Manuela Barile (voz), Rui Costa e Paulo Raposo (video + sound manipulation).

Zepelim de 21.10.2009 – Arcade

Regresso de Zepelim à antena da RUC em novo horário, entre as 23h e a 00h de quarta-feira.

Neste reinício, olhámos para a época dourada dos jogos arcade, nos anos 80 do século XX. A história desta forma de entertenimento remonta à decada de 30 desse século, com o aparecimento das máquinas de pinball, em madeira e baseadas em princípios mecânicos, que foram largamente utilizadas nos salões de jogos e parque de diversões da época, e progride lentamente até 1958, quando William A. Higinbotham, físico no Brookhaven National Laboratory (em Upton, NY), criou “Tennis for Two“, um jogo baseado na tecnologia do osciloscópio, para tentar animar os entediados visitantes do laboratório, indtroduzindo na prática o conceito de videojogo. Diz a lenda em redor da matéria que Nolan Bushnell, que mais tarde fundou a Atari com Ted Dabney, terá visitado o Brookhaven National Laboratory na sua adolescência. A sua empresa acabou por ser crucial para a expansão dos jogos de video em 1972, quando começou a distribuir o seu primeiro fenómeno, Pong. Nos anos seguintes a indústria fluoresceu, com títulos como Space Invaders ou Pac-Man, que foram imensamente populares, sobretudo nos Estados Unidos e Japão, durante toda a década de 80 e até aos inícios da de 90, quando as tecnologias de entretenimento doméstico disponíveis atingiram o mesmo grau de sofisticação que as “máquinas de moedas”.

É nesses anos (entre 1982 e 1986), que se situam as gravações de Classic Arcade Sounds. O autor, não identificado, e o seu melhor amigo Raymond cresceram nos salões de jogos do Estado de Nova Iorque, onde fizeram as gravações com um gravador Sony TCS-310 Stereo dos sons que faziam as máquinas de jogos, e apanhando inadvertidamente alguns dos seus próprios comentários. Estas gravações estiveram perdidas na casa dos pais do autor, em Ithaca, NY até 1997, quando se mudou para o Oregon e, no processo, encontrou as velhas cassetes que agora disponibiliza no seu site, e que constituiram a maior parte do Zepelim de hoje, complementadas com alguns sons originais desses jogos.

José Afonso Biscaia

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Zepelim de 1.7.2009 – Heart Radio

O coração é dos órgãos mais importantes para a vida humana e, ao mesmo tempo, de todos o mais romantizado. Durante larga parte da história considerado como o receptáculo da alma ou como centro emocional e amoroso do ser humano, o coração mais não faz que bombear sangue para todo o corpo, permitindo a irrigação dos seus órgãos. Neste Zepelim, debruçámo-nos sobre os seus assuntos.

1. EmeraldsAlive in the Sea of Information [What Happened, 2009]

1.1. Mayo Clinic – The Circulatory System

1.2. Excertos da série televisiva “Era Uma Vez… O Corpo Humano

2. Threshold HouseBoys ChoirDistonto [Amulet Edition, 2008]

2.2. Excerto da série televisiva “Era Uma Vez… O Corpo Humano

2.3. Excerto de um documentário disponibilizado pela revista Super Interessante, sobre a “Fisiologia das Células do Coração”

2.4.Excerto da série televisiva “Érase Una Vez… El Cuerpo Humano

3.Autor Desconhecido – La Sangre

4.Sparkling Wide Pressure – Rock Wall [Seven Inside and Out, 2009]

4.1.Autor Desconhecido Circulation

4.2.Excerto da série televisiva “Era Uma Vez… O Corpo Humano

5.Gregg Kowalski – Tendrils in Vigne [Tendrils in Vigne, 2007]

5.1.The Tell-tale Heart, short story de Edgar Allan Poe, lida por John Robinson

5.2. TransAmerican Medical – The Heart of Cardiac MRI

José Afonso Biscaia

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Zepelim |24.06.09|Luís Antero – Field Recordings: Água e Terra

Aldeia das Dez

Nesta emissão convidámos Luís Antero para assumir os comandos da realização do dirigível Zepelim e nos apresentar 52′ do seu trabalho mais recente, alguns inéditos e as suas últimas edições da colecção Sound Narratives, com especial destaque para o volume 6, editado este mês pela net label MiMi Records, divididos pelos símbolos Água e Terra. Luís Antero dedica-se à recolha fonográfica natural e etnográfica, mais do que um conhecimento técnico, Antero demarca-se pela sensibilidade e humanismo nas suas narrativas sonoras:

“Podemos considerar os usos e costumes das gentes da Beira Serra, os seus saberes orais, as lendas de tempos imemoriais contadas pelas vozes da sabedoria popular, como produtos culturalmente endógenos? A fauna e flora existente nas nossas serras, os rios, ribeiros e riachos que as enchem de vida cristalina, podem também ser considerados produtos culturalmente endógenos? Creio que sim! […] arquivo sonoro, de pessoas e locais, funcionando em regime work in progress […] […] gravações de campo de elementos naturais como forma de preservar um património natural e ao mesmo tempo uma memória fonográfica colectiva local”

1ª Parte – Água

Duração/Faixas/Comentários de Luís Antero
1.    00:00-06:46

«O Mar (TLuis Anteroocha – versão 1)» (06:46) | faixa nunca editada
Gravação do som da água do mar efectuada na Praia da Tocha, concelho de Cantanhede, no Domingo, 21 de Junho de 2009, às 18:00. Para além do mar ouvem-se também nesta gravação as vozes solarengas e felizes das pessoas que se banhavam a esta hora do dia, bem como algumas gaivotas.

2.    05:30-12:20
«Luso Ambience (Água)» (14:15) (excerto) | faixa nunca editada
Gravação efectuada na vila do Luso, concelho da Mealhada, no dia 23 de Junho de 2009, às 13:00. Nesta gravação ouve-se a água que cai das bicas, assim como o encher de garrafões das várias pessoas que ali se deslocam, algumas conversando, outras não, assim como a água que cai nas duas fontes situadas na praça da capela…

3.    12:30-19:50
«Big Wheel» (09:55) (excerto) | faixa do EP «Big Wheel», editado na alemã Konkretourist em Junho de 2009 | http://konkretourist.de/
Gravação, na aldeia de S. Sebastião da Feira, concelho de Oliveira do Hospital, no dia 28 de Maio de 2009, às 18:00, de uma antiga nora de água, ainda em pleno funcionamento, à beira do Rio Alva, responsável por levar a água às terras de cultivo. Nesta gravação pode notar-se a dinâmica sonora desta nora, à medida que a circundava.

4.    19:30-22:00
«Water Song – Part 1» (02:34) | faixa do EP «Big Wheel», editado na alemã Konkretourist em Junho de 2009 | http://konkretourist.de/
Esta faixa comporta dois momentos de gravação diferentes: água e voz. O som da água foi gravado na pequena localidade de Parente, freguesia de Alvoco das Várzeas, concelho de Oliveira do Hospital, em pleno Rio Alvoco, numa zona de rápidos do açude do Candam. A voz, de Carol Nike, americana a residir por estas paragens, foi gravada dois dias depois da gravação da nora de água, na sua residênc


2ª Parte – Terra

Duração/Faixas/Comentários de Luís Antero
1.    22:00-25:00
«Pastorícia # 2» (03:08) | faixa do EP «Sound Narratives, Vol. 6», editado este mês pela net label portuguesa MiMi Records | http://www.clubotaku.org/mimi/pt/album110.php
Gravação efectuada na freguesia de Pinhanços, concelho de Seia, no dia 11 de Fevereiro de 2009, às 17:30. Esta recolha regista o momento em que o pastor chama as ovelhas para o redil, para que possa proceder à ordenha. Esta é uma prática muito em voga nesta zona, de onde sai o famoso queijo da Serra da Estrela.

Luís Antero 2.    25:00-25:40
«Pastorícia # 3» (00:42) | faixa do EP «Sound Narratives, Vol. 6», editado na  portuguesa MiMi Records em Junho de 2009 | http://www.clubotaku.org/mimi/pt/album110.php
Gravação efectuada na Quinta da Costa, freguesia de Bobadela, concelho de Oliveira do Hospital, por volta das 17:30 . Aqui pode escutar-se um pequeníssimo relato de vida pastoril, com o Ti António, pastor sábio e vivido.

3.    25:40-34:40
«SN # 6» (09:10) | faixa do EP «Sound Narratives, Vol. 6», editado na portuguesa MiMi Records em Junho de 2009 | http://www.clubotaku.org/mimi/pt/album110.php
Gravação efectuada em Aldeia das Dez, concelho de Oliveira do Hospital, numa sexta-feira do mês de Abril, a partir das 17:30. Nesta gravação pode ouvir-se o badalar das horas no sino da igreja, as crianças que brincam na rua, os cães que ladram de desconfiança, as gotas de água que caem na velha fonte, o cabrito amedrontado ou a árvore de badalos e chocalhos do poeta Viriato Gouveia. Enfim, uma certa identidade sonora de Aldeia das Dez, naquelas horas em particular…

4.    34:30-43:37
«cbr 11 am» (09:37) | faixa do EP «Sound Narratives, Vol. 5», editado na portuguesa Enough Records em Abril de 2009 | http://enoughrecords.scene.org/
Gravação em Coimbra, na zona da baixa, por volta das 11:00, num dia de ameno sol, em Fevereiro de 2009. Nesta gravação podem-se ouvir os operários das obras dos edifícios em remodelação, os carros que passam junto à Sé Velha, as aves residentes na zona da Sé… o ambiente próprio da baixa coimbrã a esta hora do dia.

5.    42:40-49:25
«SN # 5» (Goats) (06:45) | faixa do EP «Sound Narratives, Vol. 4», a editar brevemente pela inglesa Earth Monkey Productions | http://www.earthmp.com/index.html
Gravação na aldeia de Moura da Serra, concelho de Arganil, em plena Serra do Açor, no dia 23 de Fevereiro de 2009, às 15:00. Esta recolha tem a particularidade de ter sido efectuada, literalmente, no meio das cabras, ou seja, deitei-me no prado, junto a estes amorosos animais, de forma a captar as suas dinâmicas sonoras…

6.    49:00-51:58
«vai agora, ao fim de velho, cavar?» (02:58) | faixa do site www.luisantero.yolasite.com
Gravação efectuada em Alvoco das Várzeas, concelho de Oliveira do Hospital, no dia 20 de Dezembro de 2008, por volta das 17:00, ao pastor e dono de um rebanho de ovelhas, Zé Gonçalves.
Nesta recolha escutam-se notas de vida pastoril e de saudade abundante…

Discografia:

«Water Recordings» (Bypass, 2008) | «Sound Narratives, Vol. 1» (Bypass, 2009) | «Sound Narratives, Vol. 2» (Electro Rucini, 2009) | «Sound Narratives, Vol. 5» (Enough Records, 2009) | «Stall» – split EP com Marcus Küerten (Bypass, 2009) | «Collected Works» (edição de autor, 2009) | «Sound Narratives, Vol. 6» (MiMi Records, 2009) | «Big Wheel» (Konkretourist, 2009)

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Zepelim |10.06.09| Mi Barrio Portugal

Portugal, 1960 Fotografia de Ray K. Metzker

Inspirado no feriado nacional 10 de Junho, o zepelim criou uma colagem sonora de diversos registos associados a Portugal, desde testemunhos de imigrantes residentes no nosso país, à “cultura televisiva”, gravações de tradição oral ou aulas de português para principiantes… Uma emissão marcada ainda pela presença quase constante de sons de aves a partir de gravações de campo captadas em diversos locais do planeta por diferentes artistas, aqui como símbolo da presença e fluxo migratório dos portugueses pelos quatro cantos do mundo.

Alinhamento:

The North Sea – Eternal Birds [Exquisite Idols, 2007]

Aki Onda – For the Birds [Autumn Leaves – Sound and Environment in Artistic Practice, 2007]

Waltz – Birds Sing in the Halo Garden [The Fox and the Lonely Emperor, 2007]

Dot Tape Dot – Slow Birds for Mayo T [Schole Compilation Vol. 1, 2007 ]

Yuichiro Fujimoto – Birds, Cows, Dogs and Bells [The Mountain Record, 2006]

ocdc –  II. Poppy [Piano Suites For Ella, 2009]

ocdc –  I. The Day You Were Born [Piano Suites For Ella, 2009]

Ferrante & Teicher – Falling In Love With Love [Hi-Fireworks, 1953]

Koen Holtkamp – Free Birds [Make Haste, 2008]

Kyo Suayan – The Birds of Coyote Point [2009]

SO QUIET – Words Make Me Feel [Words Make Me Feel Ugly, 2007]

Zac Keiller – Migration [Migration]

Zac Keiller – Motion [Migration]

Chris Watson – ol-olool-o [Weather Report, 2003]

Luís Antero – Cantigas antigas_excertos [gravacao de campo em lagares da beira, 2008]

Koen Holtkamp – Bear Bell [Field Rituals, 2008]

Sons adicionais retirados de archive.org (Mi Barrio Portugal; O Preço Certo; Traditional Portuguese Music; Dress N Furtado; Dressing C RonaldoClassroom Objects; PEN Interface Hello Goodbye) e freesound.org.

Carlo Patrão

Zepelim de 3.6.2009 – Mafalda and Her Friends Go to the Beach

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No primeiro programa de Junho, Zepelim deixou-se levar até à praia, representada por diversos excertos de field recordings alusivas. A acompanhar, 3 peças de 92982, nova edição de William Basinski pela 2062, composta por peças gravadas no início da década de 1980 e pontuadas por ruído ambiente (sirenes, carros, helicópetros) da cidade, que ajudam a construir a ambiência melancólica típica no trabalho do texano. Ficámos ainda com “The Flood”, tema para o jovem Julian Lynch, artista promovido pela Underwaterpeoples Records, e que editou este ano o álbum “Orange You Glad”.

Alinhamento:

1. Autor DesconhecidoLet’s go to the Beach!!!

2. Jon Salimes – Beach Audio

3. Sierra Jenkins – Young Boys Playing Trumpet and Drum for Tips at Mercado Jamaica (Cidade do México)

4. William Basinski – 92982.1 [92982, 2009]

4.1. Dave Hattman – Carolina Beach, October 31, 2006 1:30am

5. William Basinski – 92982.2 [92982, 2009]

5.1. Sierra JenkinsAviary in Parque Lincoln, Polanco (Cidade do México)

6. Julian Lynch – The Flood [Orange You Glad, 2009]

7. William Basinski – 92982.3 [92982, 2009]

José Afonso Biscaia

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